DESPIMO-NOS (DE NÓS)

Despe da tua a minha pele, como se despojo ela fosse a que não te queiras, mais, apegar, para que eu, de meus lábios, desenlace todos os beijos que trocámos, que nos queiraram, nos torturaram, enlouqueceram...
Despirei, de meu ser, cada memória, cada pedaço que de ti, em mim, exista, derramando teu cheiro por entre os poros de meu corpo e possa, assim, libertá-o de qualquer réstia de ti que nele ainda pudesse existir, e tu... tu, elimina qualquer memória que te percorra o pensamento do que fui ou ainda sou em teu pensar, para não te atormentares mais a cada momento que passemos longe um do outro...
Desliza tuas vestes que ainda cheirem a mim, e eu rasgarei cada toque que tuas mãos em mim fizeram, quando, na loucura da paixão nos buscávamos, nos provocávamos como se mais nada importasse, até que a manhã chegasse...
Estraguemos tudo aquilo que nos uniu, tudo aquilo que fez de nós um, e que mais não será que vazio, de um tudo tão cheio de nada no tempo que está por vir, em que não saberemos mais existir, por não podermos, mais, sentir, nem saborear, nem explorar o que fomos, o que tivemos...
Libertemos as amarras que unem nossos dedos, nossos lábios, nossos corpos nesse terreno morto em que um dia brotou amor, e agora nada mais existe que penas e dor... terreno seco de sentimento, saudade que um dia esvoaçará soprada pelo vento...
Seja destruído, queimado, rasgado, esventrado se puder sê-lo, e recomeçado se assim ainda o quisermos, nesse amor que já não o é, nesse odiar que não o entende ninguém, nesse sentir que vai mais além do que sentimento ou emoção, porque estranho, confuso é, e será sempre... o coração!




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