LÁGRIMA SOFRIDA

Uma lágrima no rosto rolou,
sem pedir ordem ou favor
para contornar a maçã
de uma face marcada
por anos de dor e sofrimento,
caindo num rio revolto
em que outras já tinham mergulhado
num rio de solidão e abandono,
em direcção a um mar de desespero
esperando, quem sabe, pela tempestade
que do coração ainda iria brotar,
deixando que o pesar se libertasse!
Mas esta não seria a primeira,
nem muito menos a última vez
que tal iria suceder a esta alma
atormentada, sofrida e triste,
pois enquanto o causador de tal dor
persistir em não compreender
que estas lágrimas são como sangue
que se esvai dum corpo moribundo
elas formarão rios e oceanos
de dor, e quem sabe senão mesmo
de uma morte há muito anunciada
de tanto ter calado e consentido
a falta de consideração e respeito!

Hugo Oliveira ©

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